Beto Bruno comenta a discografia da Cachorro Grande

Beto Bruno lançou seu primeiro trabalho solo em 2019 | Foto: 180 Selo Fonográfico/Divulgação

O isolamento social que a pandemia do Novo Coronavírus nos forçou a fazer, deixou em todos sentimentos de incertezas. Todos os artistas precisaram interromper seus projetos e em primeiro momento o cenário parecia catastrófico. Shows cancelados, discos não finalizados, carreiras postas em risco. Desde o primeiro momento as redes sociais foram a forma com que os artistas passariam a se comunicar (cada vez mais) com seu público e admiradores. As redes sociais por muitas vezes nos colocam em contato direto com eles, afinal quem aqui nunca "trocou uma ideia virtual" com um artista que goste?

Beto Bruno, que após o fim da Cachorro Grande havia se aventurado na carreira solo, acabara de lançar seu primeiro trabalho: Depois do fim. Utilizador ávido do Instagram, ele desde o dia 30 de julho vem nos presenteando (toda quinta-feira) com resenhas de todos os álbuns que lançou até hoje, começando cronologicamente pelo primeiro álbum da Cachorro Grande, Beto escreve do ponto de vista privilegiado de quem esteve dentro do estúdio.

Com medo de que todas essas histórias (que ainda não viraram livro) se percam no limbo que muitas vezes a internet nos coloca, transcrevemos aqui toda a história da discografia da Cachorro Grande pela narrativa de Beto Bruno:

CACHORRO GRANDE (2001)
O disco de estreia de uma banda costuma entregar de bandeja todas as influências e todos os truques até então adquiridos pelos membros do grupo. Com a Cachorro Grande não foi diferente. Beatles, Stones e Who eram as referências junto com outras bandas sixties como Byrds, Buffalo Springfield, Hendrix, Mutantes e muito rock psicodélico. Foi gravado em POA/RS nos estúdios Dreher e produzido por Thomas DreherCom um pouco mais de um ano de existência tocando no underground portoalegrense nós compusemos e apresentamos mais de 20 composições próprias e assinamos um contrato pra gravarmos nosso primeiro disco sob a indicação da Cida Pimentel que já sabia da banda e nos encontrou numa madrugada com chuva e frio colando cartazes de show em frente a casa dela. Na ocasião ela disse que éramos a "última banda de rock". Tínhamos pouquíssima experiência de estúdio mas mesmo assim optamos por experimentar todos os arranjos que passavam pelas nossas cabeças. Vários overdubs de voz e guitarra, muito pouca coisa gravado ao vivo ao mesmo tempo. Por isso na minha opinião não conseguimos com esse disco captar a explosão de som que alcançávamos nas apresentações ao vivo. Mas o ponto positivo era o repertório! Abre com "Lunatico" (que normalmente era a primeira músicas do show. Depois "Sexperienced" (nosso primeiro single e clip) seguido por "Debaixo do Chapéu" que é a primeira música que compusemos. A intenção também era diferenciar o máximo possível os arranjos entre uma música e outra para não soarem muito parecidas e nesse clima pintou "Lily", "Sintonizado" e "Pedro Balão" onde até foi incluída uma orquestra (já gravada) ao contrário! "Dia de Amanhã" era uma das minhas preferidas e é a única balada dessa primeira fase. Mas o melhor tinha sido deixado pro final com "Os doces exóticos de Charlotte Grapevine" que também encerrava nosso shows de maneira apoteótica e na maioria das vezes com o palco todo arrebentado e sangrando. Com esse disco lançado começou uma turnê sem fim que só acabou em Julho de 2019. Tocamos em todo interior do RS, depois em todos festivais independentes do país e fizemos nossos primeiros shows em SP.


AS PRÓXIMAS HORAS SERÃO MUITO BOAS / 2004
Depois de dois anos tocando todo fim de semana por todo o Brasil já tínhamos músicas suficientes pra entrar em estúdio. O fato de não ter nenhuma gravadora interessada em lançar o disco não impediu que começássemos a gravar no inicio de 2003 no estúdio "Bafo de Bira" do nosso irmão Rafael Malenotti que estava junto em todos os lances, incentivando com as melhores vibrações possíveis. Alexandre Móicaseu parceiro de Acústicos & Valvulados, ajudou na produção junto comigo e com o Marcelo Gross que foi meu grande parceiro nessa batalha. Ao contrário do primeiro disco optamos dessa vez por gravar tudo 'Ao Vivo no estúdio' com pouquíssimos overdubs de voz, guitarra e pianos. Um fato que nunca foi comentado é que as 14 músicas foram gravadas em um único dia, das 16h até a meia noite gravamos todas as faixas. A outra loucura era que estávamos gravando em fita de meia polegada, completamente fora dos padrões de gravação há muito tempo. "As coisas que eu quero lhe falar" abre o disco com um soco na cara das bandas indies que estavam brotando. "Hey Amigo" e "Que loucura!" redefiniram o som da banda que agora conseguia captar no estúdio o som porrada que se ouvia nos shows. "Olhar pra Frente" e "Agoniada" que são coladas uma na outra, deixam bem claro o clima insano e maluco que vivíamos naqueles dias. Se tivesse sido lançado em vinyl, "Me Perdi" (que eu e o Gross compusemos por telefone fixo) fecharia o lado "A" no climão mais chapado possível. A faixa título abre o lado "B", premeditando o estouro da banda que viria logo depois. Porém o momento em que passávamos era bem incerto até que encontramos em um show no litoral gaúcho, Lobão e Regina Lopes que nos encontraram no camarim e disseram que queriam lançar nosso disco encartado na revista deles chamada "Outra Coisa" e era distribuída em todas bancas de jornal do país. A capa foi fotografada e idealizada por Denise Gadelha. O álbum recebeu críticas positivas e começamos a tocar em lugares maiores como head-liners. Nessa época também começou o namoro com a MTV, Programa do Jô e Altas Horas e nos mudamos pra SP.


PISTA LIVRE / 2005
Estava amanhecendo e nós estávamos no bus/tour dividindo um black label e antes de pegar no sono eu soltei as frases "você tem que olhar a estrada, com uma cara cansada...". O Gross anotou tudo e dois dias depois sob influência dos Stone Roses completamos "Velha Amiga", que junto com "Longa Metragem" indicava o caminho pro próximo disco. Nos encontramos com o Rafael Ramos em SP e ele disse que estava interessado em gravar e lançar nosso terceiro álbum. Ele tambem perguntou se teríamos material pra gravar urgente no RJ no próprio estúdio da gravadora Deck Disc, na verdade só tínhamos duas músicas mas mentimos que sim! No outro dia eu e Gross nos trancamos num quarto e só saímos dele três dias depois com 10 novas músicas. Embarcamos pro Rio e no avião mesmo comentei com Gross que não tínhamos nenhuma balada e quando chegamos no hotel ele me mostrou um folk no violão que eu dei a ideia de transformá-la numa balada clássica com arranjo de piano. Assim nascia "Sinceramente"Pela primeira vez gravávamos num estúdio profissional e usamos e abusamos. "Interligado" recebia um arranjo de cordas e nós piramos com isso. "Você não sabe o que perdeu" abre o disco e seria nosso petardo de abertura dos shows pelo resto da carreira. É o disco da banda que tem mais músicas conhecidas: "Bom Brasileiro", "Desentoa" e extraímos quatro videoclips que passavam toda hora na MTV. "Pista Livre" é o álbum mais popular da Cachorro Grande e nos levou a todos os palcos dos principais festivais do país e o ponto alto foi tocar no VMB/MTV. Parecia um sonho!!!Produzido por Rafael Ramos que foi como um integrante da banda em todos os lances e o disco foi masterizado em ABBEY ROAD!!! Nos cartazes de promoção que estavam colados em todas lojas de disco estava escrito "AGORA EMBALOU" e foi exatamente isso que aconteceu!

TODOS OS TEMPOS / 2007
A turnê do disco anterior nos manteve na estrada por dois anos seguidos e nós compusemos as musicas do "Todos os Tempos" literalmente na estrada. O ônibus era nossa casa. Montamos uma bateria no corredor e com amplificadores tocávamos o tempo todo, bem como mostra o clip de "Você me faz continuar", que também foi a primeira faixa gravada pro disco logo no primeiro dia no estúdio da Deck Disc no RJ. No final do dia estávamos muito felizes com o resultado e não poderia ter começado melhor! Estávamos vivendo um momento mágico e com a entrada do Rodolfo Kriegero clima entre a banda melhorou muito e tínhamos mais um compositor de peso. No segundo dia gravamos "Deixa Fuder" que ele compôs e cantou maravilhosamente. "Roda Gigante" foi um presente: acordei com a melodia na cabeça e antes do almoço tinha essa música pronta. Naquela tarde fui pra casa do Gabriel Boizinho e registramos uma demo com o som muito próximo do original que gravamos depois. Essa fase foi uma das mais produtivas e divertidas e isso fica bem claro no resultado do disco. Com Rafael Ramos na produção, pela primeira vez nos sentimos como uma família. Dessa vez o Pelotas tinha à disposição um orgão Hammond B3 com caixa Leslie que permeou o álbum de ponta a ponta. Escute ele em "Nunca vai Mudar" e em "Quando Amanhecer""Hoje meus domingos não são mais depressivos" é o único tema instrumental na nossa discografia e eu que gravei todas as guitarras. Foi o ultimo disco que gravamos no RJ e deixou uma saudade muito forte daqueles momentos incríveis. Quando lançado foi super bem recebido pela crítica entrando em todas listas de melhores do ano. Proporcionou uma turnê maior e melhor que a última. Tivemos que abandonar o ônibus e começou uma jornada sem fim pelos próximos ONZE ANOS rolando em aeroportos na madrugada. Naquele ano também ganhamos o prêmio VMB da MTV de melhor show do país!!! O maior presente foi no final da turnê quando fomos convidados pra abrir todos os quatro shows do Oasis no Brasil. Recebemos a notícia quando estávamos dentro do estúdio em POA gravando o próximo disco.

CINEMA / 2009
Praticamente composto em quartos de hotéis durante mais uma turnê sem fim do disco anterior. Queríamos gravar em fita de 2 polegadas e só achamos uma máquina dessas funcionando e ela estava em Porto Alegre nos estúdios da ACIT. O que dificultou a logística, pois enquanto gravávamos nos dias de semana fazíamos shows na sexta, sábado e as vezes no domingo e a grande maioria dos shows era no Sudeste e Nordeste. Estávamos numa onda total Space-Rock bem fim dos 60's e inicio dos 70's e os arranjos desse disco são mais sofisticados que qualquer outro disco da banda. Outra peculiaridade desse álbum é que todos os integrantes estavam compondo e isso mostrou uma variedade de estilos muito maior. A faixa "O Tempo Parou", que abre o disco, é composta pelo baterista Gabriel Boizinho e talvez seja a melhor abertura de álbum que já tivemos e funcionava muito bem como abertura dos shows. "A Hora do Brasil" é a única composição assinada por todos nós e foi o gancho pra embalar o disco. A partir dela veio "Dance Agora" (que virou clip) e "Amanhã" que era a minha preferida por causa da letra. Estávamos fazendo muitas demos caseiras e o único que não tinha estúdio em casa era eu, então eu ia na casa dos outros. Da casa do Marcelo Gross saiu "Ninguém mais lembra de você" e "Diga o que você quer escutar". Na casa do Gabriel Boizinho saiu "A alegria voltou" (que ele canta) e "Pessoas Vazias". Mas o mais bacana aconteceu na casa do Pedro Pelotas,"Eileen". Gravei o violão e fui comer uma manjubinha frita na esquina e quando voltei ele tinha já a letra pronta. Com certeza é o melhor desempenho vocal da minha carreira. A versão caseira ficou tão mágica que acabou entrando no disco. "Por onde vou", uma balada clássica de rock foi uma das últimas a ser gravadas e foi registrada em video-clip. Esse não é meu disco preferido, mas minhas musicas preferidas da Cachorro Grande estão aqui. Nesse disco aprendemos varias técnicas que seriam usadas nos próximos lançamentos. Era o fim da parceria com a DeckDisc e Rafael Ramos. Também foi o primeiro que saiu em vinyl pela PolySom!!! Os próximos discos seriam produzidos pela própria banda!

BAIXO AUGUSTA / 2011
Uma das coisas que mais queríamos há muito tempo era gravar um disco em SP. Cidade que nos acolheu e que  estávamos morando  bastante tempo. Melhor ainda se pudéssemos gravar nos estúdios da Trama, que poucos sabem mas foi construído por Rogério Duprat nos anos 1970 e é um dos melhores estúdios do Brasil. E o mais legal é que gravávamos o disco à tarde e podíamos, à noite ,dormir em casa. O repertório mais uma vez foi composto na estrada e ensaiado exaustivamente durante 3 meses, quase todo dia, e entramos no estúdio com todos arranjos prontos. No final das contas eu não achei tão bacana porque muita pouca coisa foi criada no estúdio e acho que assim perde um pouco a espontaneidade e o frescor dos arranjos. Pela primeira vez idealizamos um álbum com lado A e lado B pensando no vinyl e não no CD. Por isso o disco tem dois lados bem diferentes. As músicas mais pesadas e rockeiras ficaram no lado A como "Não entendo, não aguento", "Tudo vai mudar" (essa apontando o rumo pro próximo disco) e a faixa titulo "Baixo Augusta". "Difícil de segurar" teve uma inversão de papéis (e isso acontecia muito) e eu fiz a música e o riff e o Marcelo Gross fez a letra. O Lado B, que é o meu preferido, é mais experimental e reúne algumas das melhores coisas que a banda produziu. "O fantasma do natal passado" é diferente de tudo que  havíamos feito até então e mostrou um novo caminho pra mim pessoalmente e eu iria resgatar essa fórmula no meu álbum solo "Depois do Fim". A música "Cinema" foi pra mim o grande lance do disco e mostra nossa influência de Prog/Space Rock latente. O disco termina com "Mundo diferente" com uma levada influenciada por Primal Scream com uma mensagem positiva. O Selo180 lançou em vinyl importado e também um single/45 com 2 músicas que não saíram no disco: "Quem diria" e "Quem vive o amor". Porém algo se quebrou nesse meio tempo e constatamos que não queríamos mais gravar desse jeito. Sabíamos que precisávamos nos reinventar mais uma vez...

COSTA DO MARFIM / 2014
Disparado meu disco preferido da Cachorro Grande e também o que eu mais tenho orgulho de ter feito. Gravado em SP, na rua Augusta nos estúdios do Duda Machado onde foi, por mais de 10 anos, o lugar onde ensaiamos e compusemos boa parte do nosso material desde Pista livreE foi nesse clima de festa que gravamos esse álbum muito tempo eu vinha falando pra banda que queria trabalhar com o Edu K como produtor. Eu sabia que essa parceria traria algo especial e inédito pra banda e foi ai que a mágica aconteceu! O disco abre com "Nós vamos fazer você se ligar" que é um Kraut-Rock de 11 minutos da mais pura lisergia e deixa bem claro pro ouvinte que loucura pouca é bobagem! "Nuvens de fumaça" que era a música que abria os shows dessa turnê voava com os dois pés no peito do cara e emendava em "Eu não vou mudar" amassando nosso crânio. "Crispian Mills" de Rodolfo Krieger chapava muito com cítaras e elefantes nadando e colando em "Use o assento para flutuar" que dizia "onde isso vai parar? Isso precisa acabar, você tem que mudaaaaaaar...". "Como era bom" que tinha a letra mais profunda, virou clip e entrou na trilha sonora da novela Malhação e as vezes eu me peguei assistindo só pra ouvir aquele som maluco sair da TV em contraste com a caretice escancarada. O ponto mais alto da loucura e experimentação no disco, é sem duvidas "Torpor parte 2&5", na qual eu narro 2 histórias verídicas e totalmente diferentes uma da outra acompanhadas de uma colagem sonora tridimensional muito na frente de tudo que  havíamos feito! "E se algum dia tudo isso acabar? O que será?" é o que dizia na letra de "O Que vai ser" que fechava o disco no maior clima de festa possível. E realmente gravar esse disco foi uma maravilhosa festa e nunca tínhamos criado um ambiente tão maravilhoso pra fazer música e gravar um disco. A banda nunca esteve tão unida e nunca tivemos momentos tão mágicos como aqueles. Também foi o disco mais elogiado pela crítica e apontado como disco de rock do ano em algumas publicações. No final da turnê aconteceu o ponto mais alto das nossas vidas. Fomos convidados pra abrir o show Rolling Stones!!

ELECTROMOD / 2016
Aquele clima maravilhoso que permeou as gravações do Costa do Marfim simplesmente desapareceu já no primeiro dia de gravação. A turnê anterior foi bastante desgastante e um dos motivos foi a nossa proposta de tocar o disco quase inteiro num primeiro bloco e depois voltávamos e tocávamos o resto do repertório com as mais conhecidas. O set do disco era bem complicado de executar por causa das trilhas eletrônicas sincadas com um telão com imagens geniais e surreais produzidas por Charly Coombes. Funcionou bem nas capitais onde os palcos são maiores e com melhor estrutura. Porém estávamos apanhando feio nos palcos menores do interior. Isso gerava muita frustração entre nós, misturada com muita briga envolvendo todos da banda. Adiferenças pessoais e musicais estavam ficando insuportáveis. As discussões começaram bem antes de iniciar as gravações, no momento em que selecionávamos o repertório. Não concordávamos na escolha das músicas que deveriam estar no disco e também não concordamos, até hoje, quem deveria ser o produtor e aonde seria gravado. Eu mesmo enchi o saco de tudo e no terceiro dia mandei todo mundo a merda e só voltei pro estúdio no final das gravações para registrar os vocais. Mas não era só eu que tinha perdido o interesse e o tesão. Todos sentiam o mesmo. Inacreditável como no meio de tudo isso foi concebido um disco. Mais pesado, mais denso e menos colorido que o Costa do Marfim. Fica bem claro pro ouvinte o que a banda estava passando. Hoje eu gosto bem mais desse disco do que quando foi lançado. Quando levamos o disco pro palco veio a surpresa... Funcionou muito bem ao vivo!!! Surpreendeu a nós todos e também o público que nos acompanhou por 2 anos numa turnê fantástica! Talvez a melhor turnê da nossa história! Porem dois anos antes quando eu saí do estúdio, no ultimo dia de gravação, eu tinha certeza
que não queria mais gravar um disco com a Cachorro GrandeFiquei arrasado porque essa banda foi a coisa mais importante que eu fiz nessa vida. Mas como a turnê foi muito boa eu achei que ainda poderia salvar a banda e eu dei a ideia de fazer o nosso primeiro disco AO VIVO!!!

CLÁSSICOS / 2018
Cachorro Grande acima de tudo era uma banda de estrada! Mesmo assim lançamos um disco de inéditas a cada 2 anos e nunca tinha passado pela nossa cabeça gravar um disco AO VIVO apesar da cobrança incessante do nosso público. Todas as turnês, até então, tinham como prioridade tocar as músicas do último disco. Lançado justamente pra apresentar um show novo toda vez que passávamos pelas cidades, não ficar repetitivo e manter o interesse do público. Outra prioridade era fazer no palco versões diferentes e estendidas, não se prendendo na versão original. E isso era muito bom pra banda, pois todo show era diferente e nos divertíamos com isso. Mas pra esse disco pela primeira vez selecionamos as músicas mais conhecidas e mais importantes da nossa carreira. A ideia era fazer uma coletânea, só que com versões ao vivo. Foi muito fácil montar o repertório e ele se criou sozinho. Gravado em SP, cidade que nos acolheu com todo amor e carinho desde o primeiro dia que pisamos aqui. O local escolhido foi o Centro Cultural Rio Verde, onde realizamos 2 shows em 2 noites seguidas. A cereja do bolo sem dúvida é a participação do Samuel Rosa na música "Sinceramente" e foi muito significante pra nós pois o "Samuka" foi uma das pessoas que mais acompanhou e prestigiou a banda durante todo esse tempo. A capa foi a maior curtição! A Christine Caterina chapou na ideia, idealizou e produziu a sessão fotográfica num teatro no Rio de Janeiro. Pouquíssimas vezes nos divertimos tanto como aquele dia e talvez tenha sido a última vez que isso aconteceu. Esse é o ultimo disco da Cachorro Grande e posso dizer que não poderia ter acabado de melhor maneira, em cima do palco!!! Muito obrigado Marcelo Gross, Gabriel Boizinho, Pedro Pelotas e Rodolfo Krieger, vocês são a minha família e juntos vivemos o sonho de tocar ROCK'N'ROLL de verdade nesse país. Vocês são meus irmãos e nossa história foi maravilhosa!!! Muito obrigado a todos que acompanharam e acreditaram nessa trajetória gloriosa!!! Hoje todos integrantes tocam seus projetos musicais e o amor e a música ainda são as coisas mais importantes! Chegou o hora de gravar o meu disco solo...

DEPOIS DO FIM / 2019
Quando a Cachorro Grande acabou eu entrei numa fase de depressão e tristeza. Mas logo comecei a compor músicas novas,  com intenção de gravar meu primeiro disco solo. A primeira pessoa que eu mostrei as musicas foi o Pedro Pelotas e ele não só amou, como me disse que queria fazer parte da minha nova banda. Esse foi um grande incentivo pra começar a recrutar o pessoal! O Gustavo X tava dentro também e engrossou o caldo. Precisava de um bom baterista e fui assistir Eduardo Schuler tocar e pirei!!! No mesmo show estava o Henrique Cabreira e também trouxe pro time. O grande lance foi a parceria com o Esteban Tavares que, além de produzir o disco comigo, gravou todos os baixos. Um pouco antes de entrar no estúdio apareceu na minha vida Sebastião Reis, que foi a cereja do bolo, gravando todos os violões e me ajudando com todos os arranjos. Gravamos de uma maneira completamente diferente. Eu mandava pra banda versões só com violão e voz e dizia que gravaríamos no dia seguinte. Não teve nenhum ensaio e tudo foi feito dentro do estúdio que é onde a mágica tem que acontecer. E aconteceu! Esse disco reúne algumas das melhores músicas que eu  fiz como "Porquê eu te amo muito e há tanto tempo", "Por isso meu samba é diferente" e "Depois do fim" com parceria de Theo ReisA faixa que abre o disco "A ruptura da linearidade do tempo..." foi composta com minha mulher, Denise Gadelhaque também é responsável pela capa. "Marlon Brando, Beatles e Pelé" é a minha favorita e foi gravada em outro estúdio com Martin Mendonça, Rodolfo Krieger e Duda Machado. "Digby, o maior cão do mundo" e "Não é todo mundo que tá de boa contigo" são duas pauladas que funcionaram muito bem nos shows. "A mais linda do verão" era o tipo de coisa que eu queria ter feito  muito tempo. Mas o mais importante pra mim, nessa nova fase é que agora só canto letras que eu escrevi e assim posso ser muito mais verdadeiro. Outra verdade é que nunca tive na vida um prazer tão grande como foi gravar esse disco e também é com certeza o trabalho que eu mais tenho orgulho de ter feito. E amanhã 02/10 (de2020) estou lançando o primeiro single do meu próximo disco!!! "Eu só quero cantar junto no refrão", pelo Selo 180!

Os textos foram retirados do Instagram do Beto Bruno e o conteúdo da postagem foi originalmente mantido, somente substituindo as abreviações pelas palavras completas e as marcações pelo nome das pessoas.

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