Coletânea ROCK GAÚCHO 2021 foi lançada e você nem viu

O Tema deste ano foi o Mercado Público de Porto Alegre | Montagem sobre foto de Joel Vargas/PMPA ©2018

A tradicionalíssima coletânea ROCK GAÚCHO, que é lançada sempre no início de cada ano, com cerca de 40 músicas lançadas no decorrer do ano anterior por bandas e artistas gaúchos (e afins), foi lançada ao final do mês de março de 2022 e aposto que você não viu (e nem ouviu). Na ocasião do lançamento quase ninguém deu bola e a repercussão foi quase nula. Isso é normal e devido a alguns fatores que norteiam nossa sociedade atualmente. Nos dias de hoje somos reféns do controverso algoritmo. O maldito algoritmo. É ele quem dita o que devemos ou não ver na internet, ele regula o que acha conveniente nos mostrar. E ele quase nunca está certo. Há de se relevar que a produção musical também passou por grandes mudanças. São pouquíssimas bandas que estão ativamente criando e gravando material novo, quiçá um álbum completo! Lançar o álbum fisicamente então... raríssimo! A cena da região metropolitana que sempre foi muito forte, encontra uma carência imensa de público e principalmente de locais para tocar, cachês baixíssimos e estruturas deficitárias. Não é fácil ser músico no Brasil. Para sobreviver, músicos abandonam o tempo em que poderiam estar compondo e gravando, para tocar em barzinhos e restaurantes. As grandes bandas gaúchas já não gravam mais álbuns completos em estúdio. Optam por discos gravados ao vivo ou no máximo um single. As grandes bandas gaúchas já envelheceram. Seus integrantes têm outros negócios paralelos, famílias, filhos, outras responsabilidades (ou foram engolidas pelo dito algoritmo). Buscam em feiras e festas de municípios do interior, continuar na ativa, pois nem as mais tradicionais casas de show do Estado se interessam pelo Rock.

Ou seja, o descontentamento é geral. E esse descontentamento impactou significativamente na produção da Coletânea 2021, tanto, mas tanto que a de 2022 talvez não saia. Seria realmente o fim da linha? Em nossa página do facebook, que possui cerca de dois mil seguidores, fizemos o questionamento: "Aonde estão os lançamentos musicais do ROCK (e Pop) GAÚCHO de 2022? Nos ajudem a montar a coletânea 2022!" e acredite se quiser: não houve sequer um comentário, nem mesmo uma curtida. Será a maldição do algoritmo? Será que esse texto verá a luz do dia, ou o algoritmo, temendo que sua reputação seja abalada, irá nos engolir? 

Enfim, a Coletânea ROCK GAÚCHO 2021 foi lançada no decorrer de 2022 e por mais que se critique a produção musical no Estado, ela é recheada de bons momentos. O tema do nosso vídeo de apresentação (que você pode conferir aqui) foi CAPITAL da Blues da Casa Torta. Coincidência ou não, Capital (o álbum) foi o grande vencedor do Prêmio Açorianos de Música, na categoria POP. O que para constar, foi um dos poucos álbuns físicos lançados por bandas gaúchas no ano de 2021, o que não tira o mérito da conquista, mas apenas comprova que, quem leva o seu trabalho a sério e busca manter um nível alto de qualidade é sim recompensado. Parabéns ao Blues da Casa Torta, ao Bernardo, Filipe e Hamilton. 

A Coletânea que todo ano é disponibilizada em nosso canal do YouTube, no Spotify e no Mixcloud (porquê ninguém é obrigado a pagar um serviço de streaming pra ouvir música com a tela bloqueada) não alcançou boa repercussão: até o momento tem míseras 7 curtidas no Spotify, apenas 18 reproduções no Mixcloud e a playlist do YouTube com 474 visualizações. No set list dinossauros do Rock Gaúcho, como Maria do Relento, Acústicos & Valvulados, Nei Lisboa, Fresno, Vera Loca, Gross, Wander Wildner, Beto Bruno, Bebeto Alves, Nei Van Soria, Frank Jorge, Egisto Dal Santo, Nenung, Carlinhos Carneiro engrossam o caldo dessa grande mistura que ainda tem Blues da Casa Torta, Cuscobayo, Alice Kranen, Baby Budas, Fabiano Nasi, Os Bardos da Pangeia, Matheu Corrêa,  Projeto Shaun, Lylith Pop, Lucas Hanke, Pampa Rock,  A Sbørnia Køntr'Atracka, Eninho Guimarães Project, Old Jules & Dani Bee, Los Marias, Izmália, Inchauspe, Trick'N'Roll, Picanha de Chernobill, Caminhante Flutuante, Caradura, Os Torto, Guarda Chuvas, Império da Lã e surpreendente We Are The Cosmos, de Gramado.

É amigos, o Rock Gaúcho não morreu. Mas a coletânea ROCK GAÚCHO talvez.

Mas para quem ainda ousar confrontar o algoritmo, aqui está: